30.9.08

É a conjuntura, estúpido!

A inflação homóloga na Zona Euro recuou em Setembro pelo segundo mês consecutivo, está nos 3,6%, mas mantém-se ainda muito acima, quase o dobro, dos 2% que são objectivo do Banco Central Europeu. Apesar deste arrefecimento de dois pontos percentuais no aumento dos preços aliviar um pouco a pressão sobre os juros, a perspectiva de uma mexida a breve trecho na taxa de referência da região da moeda única mantém-se como um cenário improvável.
Este recuo da inflação face a Setembro do ano passado segue-se a um outro, na mesma proporção, em Agosto (3,8%) depois dos máximos históricos de 4% em Junho e Julho, no pico dos preços dos combustíveis e dos cereais. Desde o início do Verão, porém, os custos energéticos começaram a diminuir – ontem o petróleo custava 96 dólares por barril, que compara com o máximo de 147 dólares em Julho – juntando-se ainda o efeito do abrandamento da actividade económica nos 15 países do Euro.
Depois da divulgação destes números mais animadores (ainda assim, o ‘target’ dos 2% escapa desde Agosto de 2007), com o abrupto alastrar da crise financeira ao Velho Continente e com reunião dos governadores do BCE na próxima quinta-feira em Bruxelas, o mercado começa a especular sobre uma eventual descida da taxa de juro, que se encontra desde Julho nos 4,25%, o nível mais elevado de sempre. A crescente volatilidade do Euro, que ontem registou a maior queda desde que começou a ser transaccionado em 1999, é só mais um pouco de neve para acrescentar à enorme bola de pressão que vai continuar a perseguir o sr. Jean-Claude Trichet nos próximos tempos.

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