25.9.08

A Câmara a meio-gás

Sócrates abriu quarta-feira a temporada parlamentar com uma táctica reservada e a jogar à defesa, não apresentando desta vez nenhuma das suas típicas medidas-surpresas. Não espanta: a três semanas da apresentação do Orçamento do Estado, que bem saberá ao PM ter uns argumentos extra para desarmar a oposição no debate dos debates parlamentares...

Mas no primeiro debate quinzenal após as férias houve também pouca agressividade do lado da oposição, com a direita a chutar na insegurança das ruas e a esquerda naquela das contas bancárias. O PS tinha indicado a Educação para tema deste debate, mas, tal como se previa, o tema esgotou-se ao final da primeira meia-hora de intervenções, tempo de sobra para Sócrates afastar discutir o casamento homossexual neste mandato. Quando Jaime Gaima deu a palavra à oposição abriu-se então o debate económico.

Nesta altura, foi curioso ver Sócrates a ver se lhe servia o fato-macaco do socialismo. Disse que “a Europa está a pagar o preço de uma total ausência de escrúpulos por parte de alguns num mercado financeiro sem regulação”, mas conseguiu ir ainda mais longe, sustentando que “esse mecanismo do ‘short-selling’ parece-me ser mais um incentivo à ganância do que um investimento nas empresas”.

Eu cá aposto que esta declaração do PM terá deixado Teixeira dos Santos, o seu ministro das Finanças e ex-presidente da CMVM, a baloiçar na cadeira. Que estava mesmo ao lado da sua naquela exígua e quase indigna (para os jornalistas, sobretudo) sala do Senado da AR.

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